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Artigo: A Tecnologia e a Educação no Brasil

 

Por: Dama Góes

 

     As mudanças tecnológicas na nossa sociedade nos últimos anos são notáveis. Desde invenções que revolucionaram o mundo, como a máquina de impressão de Guttemberg, a lâmpada de Thomas Edson e o telefone de Grahn Bell, até hoje em dia com ao avanços atuais e os que prometem vir em breve, o mundo tem se moldado e se acostumado sem a menor resistência com a tecnologia. Ouve-se muitos dizerem “o que seria de mim sem meu celular?” ou “Como assim você não tem computador? Vive no tempo das cavernas?” e coisas do gênero. Quem não se atualiza é considerado “desinformado”. E, com tudo o que vem acontecendo, a área da Educação também tem passado por grandes avanços nos últimos tempos. Os alunos hoje em dia estão “ligados” na internet, em redes sociais, e tudo faz parte de sua vida, mas e quanto aos professores? No quesito “modernidade” eles tem sido passados para trás pelos alunos? Será que seus métodos antigos são válidos ainda nos dias de hoje? Como prender a atenção de alunos como se fazia há 20 anos atrás? Sim, 20 anos não é muito tempo, mas as mudanças têm acontecido rapidamente, e com isso outra questão é levantada: Será que os professores têm se atualizado tanto quanto os alunos? Estarão eles preparados para atender a demanda de jovens tão “plugados”? Vamos discutir essas e outras questões a seguir.

 

    Para os que estão nascendo agora, é fácil e natural acompanhar as mudanças tecnológicas que vêm acontecendo. Bebês já sabem mexer em celulares. Crianças crescem e por vezes até mesmo perdem parte de suas infâncias na frente de computadores, tablets, ipads e afins. Em outras palavras, a tecnologia é parte integrante da vida deles, e sua assimilação é “de berço”, diferentemente dos que nasceram no século passado e acompanharam a evolução, a transição e a implantação da tecnologia no dia a dia. Muitas coisas vieram para facilitar, mas mesmo assim para muitos tem sido difícil aceitar certas mudanças com facilidade. É como diz Knobel Lankshear: 

 

“O mundo de hoje se transforma contínua e rapidamente, e se torna cada vez mais ‘tecnologizado’ ou ‘digitalizado’. (LANKSHEAR; KNOBEL, 2003, p. 155).”

 

    Praticamente todas as áreas de nossa vida e nosso dia a dia estão sofrendo mudanças no sentido tecnológico. Hoje em dia, por exemplo, por vezes nem é necessário ir ao banco para pagar contas; pode-se fazer tudo de sua própria casa pela internet. O acesso às notícias e às informações também foi facilitado e os alunos de hoje em dia nem sabem o que é enciclopédia. Não conhecem o que é folha de papel almaço, não sabem fazer um simples resumo, nunca tiveram calos nos dedos de tanto escrever um trabalho, e também, devido à facilidade, infelizmente não conhecem o contexto do que se estuda, apenas o que se estuda, pois com a tecnologia da informação ele vai direto ao ponto. Antigamente, ao fazer um trabalho escolar, era necessário ler capítulos inteiros de um livro para então fazer um resumo e selecionar o que realmente era importante. Consequentemente o aluno aprendia mais e guardava melhor as informações, devido à concentração e dedicação que fazer um trabalho escolar exigia. Agora, o que vemos? Basicamente, o Google substituiu idas à biblioteca, os rascunhos escritos antes do trabalho em si, e reduziu horas e até mesmo dias de pesquisa em minutos. Até que ponto isso é bom para o aluno? Será que essa facilidade toda terá um bom impacto em sua vida?

    A tecnologia na área da informação e educação sem dúvida representa um grande e importante avanço, mas quanto ele tem sido aproveitado pelos alunos e professores?

Sem dúvida o aluno faz uso de toda a tecnologia a seu dispor, mas vemos que, por outro lado, muitos professores não procuram se atualizar e insistem ainda em métodos de ensino considerados antiquados e ultrapassados. Com isso, a atenção e o interesse pela matéria, seja qual for, diminuíram drasticamente nos últimos anos. Dentre diversos fatores que contribuíram para essa queda, quero apenas destacar um: a tecnologia.

    Cada dia mais vemos uma certa resistência por parte docente quanto à moldar e adaptar em seu dia a dia em sala de aula as ferramentas que hoje está disponível nas escolas. Um bom exemplo é a aula expositiva utilizando slides do Power Point. De um lado, vemos professores que utilizam-se desse modo de dar aula e já se habituaram, tornando-se rotina; de outro, vemos professor que ainda usam a lousa para passar um volume demasiado de conteúdo, ocupando todo o espaço da aula, e esperam que os alunos simplesmente fiquem quietos e atentos à explicações detalhadas. Infelizmente, isso não tem dado certo em sala de aula.

    Com todas as facilidades que fazem parte de suas vidas desde que nasceram, ao entrar na sala de aula o aluno espera, inconscientemente, que exista isso também. Ao ver uma atividade mimeografada, por exemplo, ele tende a estranhar e questionar “Por que isso não foi impresso?”. A tecnologia faz parte de sua vida e isso não pode ser mudado.

    Claro que existem ótimos professores “à moda antiga”, e essa não é a questão, mas o que ocorre é que muitos não aceitam se amoldar às grandes transformações ocorridas na sociedade nos últimos tempos e não acessam à internet nem mesmo para ver e-mails ou notícias.

    Aqui foram expostos então dois pontos: a tecnologia presente na vida do aluno e como isso tem afetado seu aprendizado nos últimos tempos e o professor que não se atualiza e como isso tem afetado o aprendizado dos alunos. São dois problemas claros que tem uma presença muito forte da Educação no Brasil e que acarretam sérias consequências.

    Obviamente, o que se deve buscar é o equilíbrio nas duas partes. Primeiramente, falando do aluno, deve ser criado neste o bom senso para utilizar a tecnologia a seu favor e para contribuir com o seu aprendizado, e também claramente é necessário o apoio dos pais, para incentivar, dosar, impor limites e supervisionar. E também há a necessidade do professor se atualizar, buscar novos métodos de ensino englobando a tecnologia, utilizar as mesmas ferramentas que o aluno para que ele entenda melhor e faça parte desse universo no qual as crianças nascem hoje.

    Não há como voltar atrás; é impossível tirar a tecnologia da vida das pessoas, e isso certamente seria um retrocesso para todos, mas o que realmente é necessário é que a sociedade saiba lidar com isso, para que esse progresso seja não só na facilidade e conveniência do dia a dia, como também que contribua para que o acesso ao conhecimento não cause “preguiça” de estudar, mas que incentive a aprender cada dia mais. Entre tecnologia e tradição, torcemos por uma melhor educação!

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